sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O MENINO SELVAGEM

O Filme francês de 1970 apresenta a história de um menino que andava com os pés e as mãos, subia em árvores, comia bolotas e raízes, coçava a cabeça e o corpo como os animais.
Certo dia a camponesa ao ver o animal corre e chama alguns homens para capturá-lo. Este menino tornou-se um objeto de curiosidade dos camponeses assim como acontecia com os surdos na Idade Média.
O menino então é levado para um colégio, lá foi submetido a um minucioso exame médico no qual não se encontrou nenhuma anormalidade importante. Quando foi colocado diante de um espelho parece que viu sua imagem sem reconhecer-se a si mesmo. Um sacerdote que observava ao menino diariamente afirmou, no entanto que o menino não carecia totalmente de inteligência, nem de capacidade de reflexão e raciocínio. Contudo, percebemos nele um comportamento puramente animal. O menino sofreu muito neste colégio e não conseguiu se adaptar. Foi considerado um idiota pelo professor Pinel, que dizia que ele era semelhante aos deficientes mentais de Bicetrê.
O professor Itard pelo contrário acredita no menino e propõe-se tentar educá-lo. Em Paris na casa do professor o menino é acolhido com ternura onde ocorreram tentativas sistemáticas de transformar-lhe “de besta em humano”. O esforço resultou só parcialmente satisfatório. Aprendeu a utilizar o quarto de banho, aceitou usar roupa e aprendeu a vestir-se sozinho. No entanto, não lhe interessavam nem as brincadeiras nem os jogos e nunca foi capaz de articular mais que um reduzido número de palavras. Sabemos pelas detalhadas descrições de seu comportamento e suas reações, a questão não era a de que fosse retardado mental. Parece que ou não desejava dominar totalmente a fala humana ou que era incapaz de fazê-lo.
Sabemos que a educação caminha a passos lentos. No Brasil, a primeira escola para surdos foi fundada a apenas 152 anos no Rio de Janeiro, hoje, “Instituto Nacional de Educação de Surdos”.
Com o intuito de diminuir o preconceito e de respeitar as diferenças, resolvi assistir o filme com os meus alunos do 5º ano, em seguida realizamos uma análise crítica. Os alunos aprovaram a atitude de acolhimento que o professor teve com o menino bem como o esforço do Itard para alfabetizá-lo. Ele também conseguiu despertar alguns sentimentos como o choro, a raiva, e a sensibilidade no menino selvagem. No entanto, desaprovaram as punições que o menino sofria quando cometia erros. Ressaltaram ainda que aprendemos com os erros e por isso devemos evitar traumas com punições severas. Disseram ainda que as crianças aprendem em grupo e no filme o menino estava sozinho.
Não temos nenhum contato com pessoas que utilizam a linguagem de sinais e por isso questionei-os sobre a forma que utilizariam para conversar se tivessem que se comunicar utilizando esta linguagem. Foi um momento de reflexão e aos poucos eles foram de dando conta que a sociedade está estruturada para atender as pessoas consideradas ”normais”, que andam, falam, ouvem...
Nós educadoras/es temos a responsabilidade de mostrar aos nossos alunos e para a sociedade que há muito tempo, ser surdo era enfrentar grandes batalhas, defendendo sua língua, sua comunidade, seus direitos e sua identidade. Alcançar esses conhecimentos no momento atual significa uma grande conquista, no mundo pós-moderno, em que os surdos estão situados em outros tempos, outros espaços, com outros desafios.
Sem dúvida, devemos ter cuidado na hora de trabalhar com crianças de inclusão. As experiências as quais o menino foi submetido poderiam ter-lhe causado danos psicológicos que lhe impediram de alcançar as habilidades que a maioria dos meninos adquire numa idade muito menor.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

PEDAGOGIA DE PROJETOS

Quando trabalhamos com projetos de aprendizagem o aprendiz assume a responsabilidade pela obtenção de seu próprio conhecimento. E é isso que nós estamos fazendo. Estamos sendo desafiados a desenvolver novas formas de ensinar e de aprender, buscando a formação continuada para que possamos aprimorar nossas práticas pedagógicas em sala de aula.
O principal aspecto positivo e desafiador em se trabalhar por projetos é partir da realidade, experiências e conhecimento prévio dos educandos, do que é significativo para eles, sendo eles sujeitos ativos durante todo o processo, possuindo então, responsabilidades em seu próprio processo de aprendizagem. Dessa forma as aprendizagens tornam-se significativas, os alunos fazem conexões com seus conhecimentos e os estudos realizados. Nesta metodologia a organização dos conteúdos a serem abordados, não se dá de forma rígida, pois há um respeito à estrutura lógica e seqüencial dos alunos. Ao final do projeto, os alunos são capazes de trabalharem por si mesmos, pois desenvolveram a autonomia, isto é, a capacidade de pensar e agir. O papel do professor deixa de ser aquele que ensina por meio da transmissão de informações para criar situações de aprendizagem cujo foco incide sobre as relações de diálogo que se estabelecem neste processo, cabendo ao professor realizar as mediações necessárias para que o aluno possa encontrar sentido naquilo que está aprendendo. Sabemos o quanto é desafiador, porém é fundamental o trabalhar por projetos.

domingo, 4 de outubro de 2009

CURRÍCULO INTEGRADO

Muitos vivem das diferentes formas de trabalho, onde a precarização econômica dificulta o acesso à produção cultural dominante, a escola passa a ser espaço fundamental para a aquisição dos conhecimentos que permitam o desenvolvimento das competências requeridas para a inclusão na vida social e produtiva.
O consumismo exagerado, os novos modelos de produção industrial, as estratégias de competitividade e de melhoria da qualidade nas empresas, exigem das instituições escolares compromisso de formar alunos com competências e habilidades de acordo com a nova filosofia econômica.
A escola é uma organização flexível, e cada vez mais passa a ser vista da mesma maneira que as empresas e mercados econômicos, pois atende as suas necessidades. Estamos vivendo na era da globalização e consequentemente as organizações escolares estão buscando a interdisciplianridade, a participação, a democracia e todas as demais possibilidades do currículo integrado.
Diante disso tudo, nós professores temos o compromisso coma educação, devemos fazer uma análise critica dos conteúdos e finalidades dos níveis educacionais e, em geral do sistema escolar. Para melhorar a qualidade da educação podem ser criadas dinâmicas de participação que levem a democratização real de suas estruturas, valores e habilidades construídas e reconstruídas por estudantes e professores em sala de aula possibilitando dessa maneira a inclusão social.

LIBRAS, CULTURA SURDA E A COMUNIDADE SURDA

Para falar com uma pessoa surda precisamos manter sempre o contato visual e prestar atenção nas expressões faciais e corporais que são muito importantes para o entendimento da pessoa surda, se preciso poderemos até escrever ou usar o computador com programa especial para surdos e até mesmo outros recursos tecnológicos.
Devemos levar em conta os ideais, os hábitos, as crenças, que a pessoa surda, traz consigo quando vamos nos comunicar com ela, assim como fazemos com qualquer outra pessoa.Temos que ter a sensibilidade que a cultura surda trata de como o individuo surdo modifica e torna o mundo mais acessível ajustando-o com as suas percepções visuais,então não devemos querer que ela fale como agente oralmente , isso devemos levar em conta na hora da comunicação com a pessoa surda.
Os elementos culturais constituem-se na mediação simbólica que torna possível a vida em comum. A cultura se expressa através da linguagem, dos juízos de valor, da arte, das motivações, etc., gerando a ordem do grupo, com seus códigos próprios, suas formas de organização, de solidariedade, etc. As culturas são recriadas em função de cada grupo que nelas se inserem. Os surdos são um grupo minoritário que está lutando para que sua cultura seja incluída, no contexto social, como legítima.
Os surdos formam grupos sociais diferentes dos daqueles que ouvem. Diferentes, mas não diversos, desiguais. É de extrema importância estabelecer a diferença entre as noções de diversidade e de diferença. A noção de diversidade “cria um falso consenso, uma idéia de que a normalidade hospeda os diversos, porém mascara normas etnocêntricas e serve para conter a diferença” (Skliar, 1998, p. 13). Para Skliar, a diferença, pelo contrário, não é um mero espaço retórico, antes, sempre está baseada em representações e significações que geram práticas e atitudes sociais. A surdez é, portanto, uma diferença, visto que “a surdez é uma construção histórica e social, efeito de conflitos sociais, ancorada em práticas de significação e de representações compartilhadas entre os surdos” (ibid, p. 13).
Respeitar, tolerar, suportar, entender a cultura alheia não deve ser menos comprometedor que traçar estratégias sócio-políticas para tornar visíveis as diferenças e agir em função delas. Ora, a afirmação das identidades e da diferença dos surdos traduz um desejo de garantir-lhes o acesso aos bens sociais enquanto direito, não enquanto concessão.